
Séculos e séculos atrás, numa província muito pequena, vivia uma princesa em seu castelo no alto do morro, cercado por um vilarejo muito simples e gente que só fazia trabalhar para sustentar os luxos da dona do castelo. A princesa, que em tudo mandava, além de feia e muito arrogante, usava de todo seu poder para que todos a obedecessem em tudo e fizessem todas as suas vontades. Por onde passava, todos eram obrigados a fazer reverências e a enaltecer uma beleza que todos sabiam que ela não tinha, mas era imposta por sua mão de ferro.
Um dia, cruza o vilarejo, um cavaleiro germânico que vinha de inúmeras batalhas e procurava um local para descansar. Cavalgando lentamente, o guerreiro viu o cortejo da princesa passar, e mesmo reconhecendo a falta de beleza de mesma, apaixonou-se à primeira vista. A princesa que tudo queria para si, notou o olhar apaixonado dirigido para ela e manda um de seus lacaios fazer um convite para um jantar em seu castelo, naquela mesma noite.
Durante todo o tempo em que jantavam, a princesa fez questão de mostrar-se superior ao cavaleiro que não cansava de lançar olhares apaixonados para a mesma. Terminada a refeição, a princesa manda seus guardas aprisionarem o cavaleiro no calabouço do castelo.
Dias após dias, meses após meses, a princesa continuava mantendo o cavaleiro no cárcere e, toda vez que queria sentir prazer, seus guardas buscavam o cavaleiro que era obrigado a servir a princesa até que ela se sentisse totalmente saciada, só então seu amante era devolvido à cela que fora confinado.
Anos se passaram até que um dia os guardas vão buscar o cavaleiro e encontram a cela vazia e um imenso buraco cavado por detrás de uma das pedras que cobriam a minúscula cela. Rapidamente os guardas voltam ao aposento da princesa com uma pequena mensagem escrita com sangue, em um dos resto das roupas do cavaleiro.
Notificada do ocorrido, a princesa lê a mensagem onde se lia:
- Por muito tempo fui prisioneiro do amor que sentia por vós. Desprezei tua falta de beleza, acostumei-me à tua arrogância e não me incomodava com teus mandos. Toda vez que me usava, voltava à cela e cavava mais um pouco da minha saída desta cela. Quando perdi a esperança que um dia pudesse demonstrar um pouco de afeto por mim, cavei o pouco que restava para minha liberdade.
Passaram muitos anos e a princesa manteve-se fechada em seu castelo, olhando para o horizonte, através da janela de seu quarto, na esperança que um dia o cavaleiro voltasse aos seus braços.
Moral da estória:
Por amor, um homem pode desconsiderar a beleza e os defeitos de uma mulher e se tornar seu prisioneiro voluntário. Mas se o mesmo se sentir desprezado e usado, não haverá nada que conseguirá manter o mesmo preso ao seu lado por muito tempo.
texto (2001) e foto: Orley
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