
Deixe seu carro em casa.
Ouvi o chamado e atendi.
Acordei bem cedo, saí correndo de casa e fui pegar o ônibus que ia me levar ao metrô.
Esperei 20 minutos no ponto para o ônibus chegar. Lotado!
Deixe seu carro em casa, pensei.
Cheguei na linha Verde e estava lenta. O vagão lotado!
Deixe seu carro em casa, relembrei.
A linha Amarela, normal mas lotada. Segui espremido.
Deixe seu carro em casa, suspirei.
Cheguei na Estação Pinheiros da linha 9 Esmeralda da CPTM com os alto-falantes anunciando defeito na linha e morosidade nas composições. Consegui entrar, ou me entraram, só no segundo trem que chegou. Não sei bem porque, lembrei das Sardinhas Gomes da Costa. Fiquei tranquilo pois ninguem iria pisar nos meus pés. Eles nem alcançavam o chão para serem pisados.
Deixe seu carro em casa, quando finalmente a porta do trem fechou, eu recordei.
Saltei na estação Granja Julieta. Depois de subir e descer 325 degraus cheguei na rua e fui para meu trabalho. Bati o ponto com 25 minutos de atraso. Vão me descontar no fim do mês. Meus joelhos com meniscos comprometidos doem e estou mancando. O dono da empresa onde trabalho reclamou. Olhou feio para mim. Só faltou me chamar de empregado relapso. No final do dia, serão mais 325 degraus subindo e descendo. O trem terá normalizado? O metrô mais rápido? A estação Consolação da linha Verde vai estar intransitavel. Vou chegar em casa arrasado. Tenho 59 anos e não tenho a mesma saúde de antes. Pobre povo que passa por isto todos os dias.
Deixe seu carro em casa? Odiei!
Foto: vanorley
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